quinta-feira, janeiro 07, 2016

A nostalgia como esporte

Francisco Daudt

Não adianta o doutor me incentivar, eu odeio exercício físico. (Claro, com exceção daqueles que me dão prazer).
Mas sou praticante de um esporte delicioso: a nostalgia. Exercitar a memória em busca de beleza é mais importante para as coronárias que qualquer aeróbica. E não só para as coronárias, para o cérebro, para mim e para a sociedade. Quando eu compartilho beleza e valores éticos que pareciam perdidos no passado, eu estou trazendo quem me lê para o que importa na vida, e para a resistência ao horror que desce em cascata como a lama de Mariana dessa gente repugnante, eca, de quem eu não quero falar hoje. Eles que vão lamber sabão...
Vamos viajar!
Há quem confunda nostalgia com saudosismo. Besteira: saudosismo é querer viver no passado, é lamentoso: "Ah, não se fazem mais ovos como antigamente". Nostalgia é contemplar beleza que mora dentro de nossas mentes, é aproveitar o patrimônio de nosso HD, beleza que nós possuímos! Meu amigo Carlos Süssekind dizia diante dessa onda de autoajuda: "Não entendo esse negócio de viver o presente. Eu vivo no passado e no futuro, e é dele que meu presente é feito". De fato, quem vive só no presente é quem tem alzheimer. E os lesados de maconha, claro.
Eu estou encharcado de nostalgia: estive, neste fim de ano, no Porto (museu dos anos 1950), em Berlim e em Munique (prenhes de história), e para piorar estou lendo "A Noite do Meu Bem", do Ruy Castro (e, como carioca da época, conheci todo mundo!).
Você pode imaginar o encantamento que foi ver que poesia não precisava de rima? "Duas contas", a música de Garoto, é assim: "Seus olhos / são duas contas pequeninas / qual duas pedras preciosas / que brilham mais que o luar".
Eu não estou nem aí para a pessoa política do Chico Buarque, ele escreveu: "A sua lembrança me dói tanto / eu canto pra ver / se espanto esse mal". E mais: "Saiba que os poetas, como os cegos, podem ver na escuridão". Obrigado, Chico, por uma das 300 pessoas que você é, aquela que eu amo (a despeito de umas outras). Minha relação mental com Chico é meu ícone de ambivalência, afinal o F. Scott Fitzgerald disse que inteligente é aquele capaz de abrigar duas ideias opostas na cabeça.
Minha primeira lição de hipocrisia foi aos seis anos: Getúlio havia se suicidado de manhã,
E o MPB-4 que só cantava em uníssono? Eu me perguntava, mas por que precisam ser quatro, então? Mas aí eles cantaram "Canto triste" (Edu Lobo e Vinícius) a capela, com arranjo do Oscar Castro Neves, e eu os abençoei para sempre: "Porque foste a primavera em minha vida..." Precisa mais? Obrigado, Vinícius. E por que você tinha que escrever que "fez-se do amigo próximo o distante, fez-se da vida uma aventura errante"? Quer me matar, desgraçado?
É, em matéria de Memória, quem tinha razão era o Drummond: "As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão, mas as coisas findas, muito mais que lindas... essas ficarão".
www.franciscodaudt.com.br

segunda-feira, janeiro 04, 2016

Após um longo período de hibernação estou pensando em retomar este espaço para brincar e rabiscar. Renomeei o nome do blog, pois em ano novo, que se comece algo novo. " " para a realidade de um país e uma cultura... Daqui pra diante, pretendo utilizar este espaço para não mais brincar, mas registrar passagens de textos que com certeza alimentará meu ser com ingredientes necessários para levar a vida com o prazer de quem brinca. Faço votos a mim mesma de conseguir tornar este espaço um lugar sempre a cada dia melhor!

sábado, novembro 14, 2009

Lúcia, obrigada pelas visitas e comentários.
Só agora os vi.

Não sei o que pretendo fazer do blog, e ainda não pensei se deleto, inativo ou deixo às traças.

Tem momentos na vida que é assim, é preciso dar um tempo, respirar fundo e deixar as coisas acontecerem. [...]


Por mais informações que o mundo moderno nos ofereça, por mais que leigos e meros mortais, possam estar ou ter condições para estarem mais conscientizados, algumas coisas me intrigam.
Ciência ou picaretagem?

Acreditar em quem? Será que há alguma entidade séria pesquisando e desenvolvendo a técnica?

Conheço pessoas que estão se tratando com a técnica e pelos relatos estão muito melhores.

quinta-feira, agosto 13, 2009

Senna no Roda Viva




Vi que estava sendo reprisado na tv Cultura, a entrevista que aconteceu no ano de 1986, no programa Roda Viva/TV Cultura.
Que saudades, não só daquele que se tornou um ícone, um herói.

Que saudades!

Dos dias atuais, quando ligamos a tv, ou nos deparamos com a mídia, é lastimável a tamanha falta de referência vivemos! A sensação de enjôo, de nojo diante o show de egos inflados e resplandentes na lama...





Foi gratificante, relembrar a imagem de quem demonstrava AMOR simples. Amor ao que fazia, independemente de tudo que o circundava ( fama, dinheiro, talento, etc). Emoção pura na lágrima contida por representar aqueles que se traduziam nos brasileiros que realmente fazem o Brasil acontecer!

segunda-feira, julho 13, 2009

Por :Déa Januzzi
Jornal Estado de Minas - 12/07/2009


Enquanto escrevo, um dia depois do espetáculo do sepultamento de Michael Jackson, não consigo adivinhar se, neste domingo, o astro pop continuará a ser destaque nos noticiários da TV e da internet, mas gostaria de fazer uma pergunta para mim mesma: “Que contribuição o enigmático Michael Jackson deixou para o mundo? Foram os requebros dele, os passos ensaiados, as paternidades duvidosas, os milhões de discos vendidos, o jogo da vida? Qual a mensagem verdadeira que ele deixou?”.

Sinto dizer que, para mim, ele só deixou dúvidas. Preciso assegurar que ele tinha voz, sabia compor, era um verdadeiro ator da indústria fonográfica, mas nunca me passou mais do que isso. Que ele foi um superastro, ninguém duvida, que nunca será esquecido também. É verdade que, com sua dor e talento, ele transformou o show bizz, mas o que mais ele deixou? Que herança deixou para o mundo?

Os vários Michael Jacksons: o menino negro do Jacksons Five, exibindo o nariz de raízes africanas, até a carreira solo, a da imagem, do clipe, do videogame, do cinema, do espetáculo. O Michael Jackson do início da carreira, então, começa a ficar branco. Vitiligo? Pigmentação? Fica mais uma dúvida que não poderá ser respondida depois de sua morte, que acabou por santificá-lo no altar dos mitos intocáveis.

Apesar do seu canto Heal the world (cure o mundo), ele continuou a divulgar um mundo doente, decadente, consumista, em que as diferenças não são aceitas, em que o sucesso se traveste de estética, em que se fala em pedofilia como se fosse algo normal, onde a criança atormentada teima em se manifestar no adulto, no simulacro de alguém que não sabe o que quer, mas tem o direito de comprar, de pagar, de possuir o que bem entender, onde não há limites.

A herança de Michael Jackson é o vazio do mundo contemporâneo, de uma sociedade de zumbis, de jovens que se sacodem, dançam, se enfeitam, cometem crimes e são mortos, porque no altar interno deles não há fé, não há um deus interno chamado entusiasmo. São espantalhos de uma sociedade do vale tudo, da competição, do sucesso a qualquer preço, da falta de sonhos e ideologias para viver, da falta de um pai amoroso, de uma família protetora.

O mundo de glória do sepultamento, segundo o noticiário, foi o de Paris, a filha de 11 anos, que chorou pelo pai morto. De onde veio a filha loura, de cabelos lisos e olhos claros? Ela está filiada a um novo mundo ou a uma imagem idealizada e forjada pelo próprio pai?

Que me perdoem os milhares de fãs de Michael Jackson, os pastores evangélicos norte-americanos, mas, além de ser um superastro, ele não conseguiu clarear o mundo, mesmo mudando de cor e de raça. Para mim, o mundo dele continua cheio de sombras, enigmático, de uma escuridão difícil de ser iluminada.

A cerimônia de Los Angeles revelou a grandeza de um astro pop, pois ninguém melhor do que Michael Jackson soube trabalhar com a mídia. Ninguém chega perto dele em termos midiáticos. Até o site TMZ mostrou a força da internet na blogosfera, em que as bizarrices e as esquisitices de Michael Jackson foram exorcizadas depois de sua morte. Há uma canonização de um santo que ele nunca foi. Todos os seus pecados foram perdoados diante das câmeras.

Confesso que quase morri de overdose de Michael Jackson, que quase caí na dependência das notícias, da cerimônia. Fiquei entorpecida com tantas manifestações, com tantas qualidades de um astro que nem sabia que existiam, como a de benemérito.

O caixão dourado não encobre meu medo diante de um mundo que parou na arena de Los Angeles para cultuar alguém que não deixa bons exemplos.

Coberta por rumores e mistérios, a morte de Michael Jackson foi bem parecida com sua vida. Reverencio seu talento, seu jeito todo especial de fazer dinheiro, uma qualidade elogiada no mundo americano do ter. Ninguém mais se lembra das crises pessoais e financeiras do astro pop. Ele vai embora levando seus segredos. E, nós, do lado de cá, ficamos com os olhos embaçados por um caixão dourado e pelo brilho artificial dos holofotes de Los Angeles, da Terra do Nunca, o reino de Neverland – ou melhor, de Michael Jackson – , onde as crianças têm medo de crescer e de envelhecer!

quinta-feira, maio 14, 2009

Com pouco tempo, o qual tenho aproveitado pra algumas coisas diferentes e até as normais que estão sendo diferentes!

A vida sempre foi e sempre irá além dos bites, bytes...

Jargão ao qual sempre estou me deparando: " a fila anda!"... ( tô ficando quase assombrada com isto :)

O que será que significa isto? :(

Álvaro Garnero





Sempre que posso assisto aos programas do Álvaro. Delícias...

Do lado de cá, com olhos e jargão de Zeca Pimenteira...